
Quando em 2004 decidi ir a Hokkaido, não havia Shinkansen e por isso a viagem era demorada.
Decidi apanhar um comboio noturno para poupar tempo e dinheiro.
Foi uma experiência curiosa. Fiquei num beliche onde não cabia todo esticado, onde o ritmo do som do comboio nos carris alternava com o ressonar do Japonês num dos 4 beliches do meu compartimento e, com isto tudo, nem o embalo do comboio conseguia adormecer-me.
O pouco que dormitei foi interrompido com o “picas” a acordar-nos para nos prepararmos para a chegada a Sapporo.
Era Outono, as cores quentes das folhas das árvores que se viam da janela do comboio contrastavam com o frio que se fazia sentir.
Chegado à estação de Sapporo, a primeira coisa que fiz foi reservar um quarto na Yokoso Japan.
A segunda foi ir a um armazém comprar um adaptador de tomada japonesa/europeia para carregar a bateria da minha câmera.
Sim, houve um iato de filmagens entre Tokyo e Sapporo porque fiquei sem bateria e não tinha adaptador. Mas foi bom porque deu para apreciar Matsushima com outros olhos e registar certos momentos na mente e no papel.
Depois de me instalar no Ryokan, pus a minha câmera a carregar e fui passear por Sapporo.
Aproximava-se a hora do almoço e apesar de não ser apreciador de cerveja, estava na capital da mais famosa cerveja japonesa. Por isso fui até à fábrica da Sapporo e decidi almoçar por lá e experimentar uma das suas cervejas. Na altura não fiquei fã da cerveja, hoje certamente seria diferente. Mas o que achei maravilhoso foi o serviço do restaurante. Ao chegar pediram-me o casaco e embrulharam-no num plástico. Quando entrei no restaurante percebi porquê. Era um restaurante de Shabu-Shabu, onde nos davam uma panela com água a ferver e fatias de carne e legumes para cozer. Apesar do intenso vapor que saía de todas as mesas, não se sentia um odor desagradável no ar mas mesmo assim o casaco era protegido para não ficar com cheiros desagradáveis.
Depois visitei parte do museu já que não estava todo aberto por motivo de obras.
De volta à cidade, fui buscar a minha câmera, já carregada, e deambulei pela cidade passando pelo parque Odori e a antiga Câmara Municipal (Red Brick Office).
O povo é simpático, e a comida maravilhosa!
Não sei se foi da cerveja, mas Sapporo deu-me a volta à cabeça.
Quando saí de Sapporo, fui para a zona protegida do lago de Toya.
É realmente um lugar maravilhoso. No meio do lago está uma pequena ilha onde podemos ver um pequeno santuário Ainu, e umas estátuas de madeira de Ainu (Indígenas de Hokkaido).
A ilha é muito calma e está cheia de recantos especiais, tal como o lago que a rodeia.
A única coisa que destoa, é o barco que nos leva para lá. Era um pouquinho folclórico demais para o meu gosto, mas estando no Japão damos um desconto.
Quando voltei da ilha decidi ir até Usu-zan, um vulcão activo perto de Toya que tinha entrado em erupção a última vez a 31 de Março de 2000. Ou seja quatro anos antes de eu lá ter estado.
O que vi era avassalador. Havia uma vila completamente destruída pela lava e pelo deslocamento de rochas. A estrada para essa vila fora transformada pela força da natureza numa escada com degraus só adequados a um gigante. Os sulcos e desníveis eram em certos casos de 1,5m.
O governo deixou a vila de propósito intacta para podermos ver o resultado de uma força da natureza tão imprevisível como o vulcão.
Havia carros carbonizados e enterrados em lava solidificada, casas rasgadas ao meio e com as “entranhas” expostas ao ar livre.
A sensação que tive, era um misto de impotência e admiração pelo vulcão.
Acabei o meu périplo por Hokkaido em Hakodate.
Cheguei muito tarde do parque natural de Toya e já não tinha Yokoso Japan aberto para reservar hospedagem. Tive que recorrer à maneira antiga. Fui a um hotel perto da estação e perguntei se tinham quartos. Apesar da diferença de sotaque consegui fazer-me entender, e acabei com um quarto com vista para o porto.
Hakodate foi o primeiro porto a abrir ao comércio mundial após o isolamento de mais de 200 anos (Sakoku) em que o Japão esteve com o mundo exterior até à sua interrupção forçada pelo Comodoro Perry e os seus Kurofune (Navios Negros).
Por essa razão, Hakodate floresceu muito e desenvolveu uma arquitetura e ordenamento muito semelhante ao das cidades ocidentais.
Tem algumas curiosidades, como o poste telefónico mais antigo do Japão, e os restos de um forte com cinco pontas do género do nosso em Elvas. Foi lá também, que vi pela primeira vez gelado de caranguejo.
Mas a maior curiosidade era eu.
Todos os locais queriam falar comigo e tocar-me. Não era hábito nessa altura haver tantos estrangeiros e/ou turistas ocidentais naquela cidade. Para eles eu era a maior atração!
Perguntavam-me de onde era, e os mais instruídos associavam-me a Tanegashima e às espingardas que os portugueses levaram no século XVI.
Há uma data de razões para voltar a Hakodate, mas a hospitalidade da sua população é o porta estandarte.
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