Quem és tu no Japão?
No Japão desenrascar é de estranhar

No Japão desenrascar é de estranhar

No Japão desenrascar é de estranhar

Na minha primeira viagem ao Japão tive que usar uma característica muito portuguesa, a capacidade de desenrascar, que é de estranhar para os nipónicos.

Após uns dias em Tokyo decidi ir para o norte do Japão. Queria ir para Hokkaido mas pelo caminho queria parar em Matsushima. Tinha uns ienes no bolso, a minha mochila, a minha câmera de filmar (ainda uma DV) e o JR Pass. Não sei como está Matsushima, depois do Tsunami de 2011, mas na altura era uma vila muito simples e bonita, com um hotel no cimo de um monte com uma vista privilegiada sobre a baía.
O encanto de Matsushima deve-se às dezenas de pequenas ilhas na baía que fazem deste local um dos mais cénicos do Japão, e aos pequenos tesouros que estão espalhados por toda a vila. Vi um artesão a esculpir bonecas Kokeshi. Vi um templo (Zunganji) que tinha à entrada uma pedra enorme com uns Kanji (caracteres chineses), uma pedra sagrada a agradecer a dádiva de vida das enguias para que os homens pudessem subsistir.
Vi um jardim de flores fabuloso dentro de uma das ilhas…


Mas no meio de tanta coisa maravilhosa, não tinham uma coisa que viria-se a tornar crucial: um multibanco.


Percebi que estava numa alhada quando fui pagar o almoço com cartão e disseram-me que só aceitavam dinheiro. Aliás disseram-me que a maioria dos restaurantes e lojas locais não aceitavam cartões de crédito. Só dinheiro. E tive que gastar os meus últimos ienes no almoço.
Uma coisa que é essencial saber sobre multibanco no Japão é que só os dos correios e das lojas Seven Eleven aceitam cartões estrangeiros. Ora o mais perto que havia, na altura, era a uns 5 Km ou mesmo 10 Km de onde estava.


Como já estava a ficar de noite e os correios já estavam a fechar, decidi usar o desenrascanço português.


Cheguei ao hotel onde estava hospedado e perguntei ao recepcionista se podia pagar uma noite extra com o meu cartão e eles devolviam-me o dinheiro, sem usar a noite.
Ficou confuso? Eles ficaram!
Para os japoneses algo que sai do normal, ou do planeado, é de estranhar.
Estranho foi o que se passou de seguida, pelo menos para mim.
O recepcionista chamou uns 5 colegas, reuniram-se como se fossem uma equipa de rugby a fazer melee e após uns momentos de discussão desfazem a formação ao som de um “HAI!
O recepcionista com que tinha falado inicialmente, vira-se para mim e apoiado pela restante equipa, pede-me o cartão de crédito, efetua a transação e dá-me o dinheiro referente a uma noite até ao último iene.
Ficaram todos com um ar muito contente e de realização, por terem tomado a decisão certa de contornar o plano estabelecido e ajudado inesperadamente um estranho.

 

Tomar uma decisão no Japão

Parece fácil, mas tomar uma decisão no Japão é mais difícil do que parece.

Não falo das decisões de o que ver ou para onde ir de seguida, que, como turista, parece-me ser difícil em qualquer sítio. E tendo o Japão tanta oferta e diversidade ainda dificulta mais as coisas.
As decisões que falo são as que os próprios japoneses têm que tomar. Ou melhor dizendo, o processo de decisão é que é complicado.
Os japoneses decidem tudo em conjunto. É raro ver alguém decidir por si próprio, a não ser que seja o chefe. E mesmo o processo de decisão do chefe é peculiar. Vou tentar explicar da melhor maneira possível.
De uma maneira geral quando há uma decisão para tomar, faz-se uma reunião com as partes envolvidas e ouve-se todos os pontos de vista. Depois toma-se uma primeira decisão.
Esta decisão chega posteriormente aos superiores e se for do agrado destes permanece, caso contrário é decidido o que o chefe tem em mente.


Mas, na realidade, o processo de decisão não acaba aqui.

Depois do trabalho, vão todos beber uns copos com o chefe. Só após alguns copos, e o amenizar das hierarquias, as partes envolvidas falam abertamente sobre o que acham e só daí resulta uma decisão final.
A não ser que o chefe que tenha estado lá, tenha que reportar a um superior.
Se for esse o caso, volta tudo ao princípio, e aos copos.
Decididamente o Japão é complexo.
 

AUTOR: JORGE FERRAO


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