Quem és tu no Japão?
Hanami - nunca visto

Hanami - nunca visto

Hanami - cerejeiras em flor

Hanami é a festa por que tantos japoneses esperam durante o ano inteiro.

Traduzindo livremente quer dizer observar flores.


Observar flores de cerejeira é um costume que vem desde há muitos anos, por esta flor representar a filosofia de vida dos japoneses.
A flor de cerejeira desabrocha ao fim de um ano, e somente durante uma semana, definhando logo de seguida dando lugar ao fruto. E assim é a vida, de acordo com os japoneses.


Existe uma breve semana que a beleza impera por todo o Japão em forma de flores de cerejeira.


Os japoneses levam esse fenómeno muito a sério, tendo um serviço meteorológico que prevê o desabrochar das sakura (cerejeiras) por todo o Japão.
Mas este ano, devido à situação mundial em que vivemos, foram proibidas as habituais aglomerações e festas debaixo das cerejeiras.
Mesmo assim houve uma concentração maior do que aconselhado.
Isto é algo nunca visto.


Como manter a tradição em tempos de aflição

Não podendo haver aglomerações de pessoas devido ao vírus, os japoneses tiveram que se adaptar tal como o mundo inteiro.

Mas num país que a densidade populacional é das mais elevadas do mundo, é um desafio.

A cerimónia de homenagem aos mortos do bombardeamento de 10 de Março 1945 (fazia este ano 75 anos), e também a cerimónia aos mortos do Tsunami de 11 de Março de 2011 foram canceladas.

Outros eventos que estavam planeados, e que agora estão em risco como os jogos Olímpicos, também tiveram as suas cerimónias habituais alteradas, como por exemplo a chegada da tocha Olímpica ao Japão e o acender da pira em Fukushima, local onde vai começar o périplo da tocha pelas 47 prefeituras do Japão, foram acompanhadas somente pela comunicação social e por poucas pessoas.

No entanto, o Japão não deixou de executar certos eventos ou tradições, embora em situações sem precedentes. Por exemplo o torneio de Sumo que acabou este Domingo, foi transmitido a partir de Osaka para o país inteiro, e até para o mundo, com a particularidade de não ter nem uma única pessoa no público a assistir. Se nós que assistimos em casa achámos estranho, imaginem os rikishi (vulgarmente chamados de lutadores de Sumo) como devem ter sentido a falta de apoio e emoção a que estão habituados há séculos.


Estes são tempos que tal como a impermanência das cerejeiras em flor, nos ensinam a valorizar o dia a dia.

23 MARÇO 2020

AUTOR: JORGE FERRAO